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Inovação e Mercado

DOCENTE, PALESTRANTE E ESPECIALISTA SÃO ALGUMAS DAS OPÇÕES DE CARREIRA PARA O MÉDICO-VETERINÁRIO

Por Equipe Cães&Gatos
Por Equipe Cães&Gatos

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

Existem diversos campos de atuação que o médico-veterinário pode trabalhar. Como mostrado em reportagem anterior, estes profissionais podem desempenhar funções em mais de 80 áreas dentro da Medicina Veterinária. Apesar deste leque de opções, médicos-veterinários renomados trazem uma questão à tona: a importância da continuação nos estudos e aprofundamento nas áreas em que se deseja atuar.

Em ramos distintos, três profissionais pontuam fatores que ajudam os médicos-veterinários a prosperar na profissão. É o caso da médica-veterinária Márcia Marinho, que, há duas décadas, resolveu seguir o caminho de docente, depois de nove anos da data de sua formatura em Medicina Veterinária. A professora leciona na Faculdade de Medicina Veterinária, da Universidade Estadual Paulista (FMVA-Unesp, Araçatuba/SP), e considera o mestrado importante na formação do profissional no que se refere a sua especialização e ao seu aprofundamento em determinada área do saber. “A renovação do conhecimento, pela capacitação e atualização, é imprescindível a qualquer profissional, seja ele técnico ou acadêmico”, afirma.

Ainda segundo ela, o mestre em Medicina Veterinária tem sido bastante valorizado no Brasil. Muitas atividades de pós-graduação ocorrem para preencher a carência do ensino da graduação, ou mesmo para suprir a falta de mercado, fugindo de sua essência. “Nesse contexto, em minha opinião, o mestrado representa outro viés, porém igualmente legítimo. Entretanto, para que houvesse uma maior valorização do título, teríamos que resgatar a essência da formação do mestre, sem que tivéssemos um tempo rigoroso máximo para a formação, no caso 30 meses”, expõe.

Sobre o retorno financeiro que o mestrado traz ao médico-veterinário, a docente afirma que ele contribui para a remuneração, uma vez que possibilita ao profissional prestar concursos em instituições públicas, atendendo as exigências mínimas, de acordo com o edital da instituição. “Também agrega valores junto às universidades particulares. No entanto, a possibilidade de desenvolver atividade pós-graduação e ampliar o conhecimento, sem dúvida nenhuma, é o maior valor agregado”, garante.

Já o médico-veterinário Guilherme Gonçalves Pereira arriscou seguir por outro caminho: a cardiologia. Ele acredita que, atualmente, a Medicina Veterinária precisa de profissionais com conhecimento aprofundado em determinadas especialidades. “Com a enorme velocidade de publicação de pesquisas nas diversas áreas fica quase impossível um profissional saber tudo e manter-se atualizado com o todo”, frisa e menciona que existe carência de bons profissionais em quase todas as especialidades, pois a demanda por esse conhecimento específico é muito grande.

Pereira conta que os cursos de especialização, geralmente, contam com professores renomados, muitos vindos de outros Estados ou até mesmo de outros países para ministrar aulas. Além disso, contam com estrutura diferenciada para aulas práticas e treinamento dos alunos. “Portanto, quem pretende fazer um curso de especialização deve ter consciência de que o investimento financeiro só será bem aproveitado se a pessoa estiver disposta a dedicar tempo não somente para assistir as aulas, aproveitando cada minuto dos módulos oferecidos, mas também para estudar e fazer estágios no período entre as aulas”, atenta. O investimento total para fazer um curso de especialização, segundo ele, pode variar de 20 a 35 mil reais, em média, dependendo da carga horária, características do curso, dentre outros fatores.

Atualmente, como lembra o profissional, existem mais profissionais especializados do que especialistas, pois grande parte das especialidades em clínica de cães e gatos ainda não foi reconhecida ou está em fase de reconhecimento pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV, Brasília/DF), não havendo a disponibilidade de prova para obtenção de título. “Mas é importante frisar que apenas o diploma não garante o sucesso, o profissional deve entender o mercado. Muitos alunos meus mudaram de vida, para melhor, após a especialização. Refiro-me não apenas ao aspecto financeiro, mas pessoal, já que obtiveram satisfação e realização no trabalho”.

Para Pereira, cursos e estágios na área que pretende escolher são fundamentais para um bom desenvolvimento, além de conversar com profissionais que já atuam há algum tempo no segmento, antes de optar por cursos de especialização. “A atualização é essencial para continuar atuando com excelência na área de escolha, pois o volume de informações produzidas por novas pesquisas é enorme e crescente”, declara o especialista que, hoje, coordena o curso de especialização em cardiologia veterinária, oferecido pela Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa, São Paulo/SP).

O terceiro percurso entre as várias opções disponíveis para o médico-veterinário é o de se tornar palestrante e este foi o roteiro escolhido pelo professor livre docente da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP, São Paulo/SP), Marco Antônio Gioso. Para ele, existem algumas características que auxiliam os palestrantes a alcançarem a maestria na função. “Na minha opinião, a pessoa tem que ter motivação, gostar de falar e demonstrar entusiasmo, além de se interessar por estar em frente ao público e passar informações para as pessoas”, comenta. O segundo item apontado por Gioso é que o profissional precisa ter conhecimento sobre o tema. “Ele precisa entender do assunto que vai abordar. Isso é básico”, insere.

Preparo também forma um palestrante de conteúdo, segundo o profissional. “Uma palestra bacana, com slides apropriados e que prendam a atenção dos participantes é algo importante. Outra coisa é que o profissional deve ter respeito pelo público e saber lidar em situações em que pode ser atacado e questionado”, aconselha Gioso, que já realizou, aproximadamente, duas mil palestras, em quase 30 anos como palestrante, em todos os continentes e expõe que a melhor parte da profissão é ser convidado mais de uma vez para palestrar no mesmo País, pelas mesmas pessoas. ”Isso significa que, de alguma forma, a gente contribuiu, gostaram e querem mais”.

A primeira palestra que realizou para um público importante foi em 1989, na USP, sobre um caso de carcinoma espinocelular em cão. “Estudei muito para a apresentação e havia muitos professores me assistindo, talvez essa tenha sido a primeira forte apresentação que realizei”, lembra. Desde então não parou, ao contrário, continua ministrando palestras de odontologia e empreendedorismo, apesar de muitas já serem passadas a alguns orientados. “Hoje em dia, não existe desculpa para a pessoa não aprender melhores técnicas de palestras”, finaliza.